António Alves de Sousa, escultor português,renasce aqui, 125 anos depois

quarta-feira, 18 de março de 2009

Homenagem aos escultores que permitiram que Alves de Sousa se tornasse imortal


Apesar do abandono a que foi votada a memória do escultor Alves de Sousa (ainda assim, não foi o mais infeliz: acabei de verificar que o seu colega de curso, Oliveira Ferreira, ainda anda mais esquecido), a autoria da parte escultórica da "estátua do leão e da águia na Boavista" (Monumento aos Heróis das Guerras Peninsulares) foi a porta para a imortalidade. Ora, como se sabe, pelos anos trinta e quarenta do Século XX houve uma forte pressão para que o "Castiçal da Boavista" (apenas o elemento arquitectónico de Marques da Silva estava de pé) fosse demolido e esquecido para sempre. Aliás, como me foi lembrado há dias por neta afim, lá esteve plantado durante a guerra um campo de milho, e outros destinos teriam sido dados à Praça Mouzinho de Albuquerque se não fosse a perseverança de escultores como Sousa Caldas e Henrique Moreira (ainda que, em tempos, tivessem opinado em sentido contrário), que refizeram a maquete executada por Alves de Sousa, actualizando-a. Há lugar para o mérito de todos, e sem o génio de Alves de Sousa e a visão de Marques da Silva não havia monumento. Mas se os escultores que modelaram a estátua depois da morte de ambos não tivessem dado o seu amor à arte para executar a obra dos mestres, e deixar os seus nomes na sombra, ninguém teria podido observar a emoção da mão de Alves de Sousa. Em meu nome pessoal (porque não posso falar em nome de mais ninguém), e o meu nome pessoal ainda é Alves de Sousa, um penhorado obrigado aos escultores que modelaram a estátua do meu bisavô numa das naves laterais do velho Palácio de Cristal (Teatro Gil Vicente), entre 1950 e 1953 . São eles:

- SOUSA CALDAS (envolvido na altura também na parte escultórica do novo edifício da Câmara do Porto, na Cooperativa dos Pedreiros);

- HENRIQUE MOREIRA;

- LAGOA HENRIQUES;

- MÁRIO TRUTA;

- PEREIRA DA SILVA (que viria a ser o autor do busto do escultor - ver abaixo)

Embora a estátua tenha sido inaugurada em Maio de 1952, depois de lançada a primeira pedra em 1909, a parte escultórica do desatre da Ponte das Barcas, na face Noroeste - a mais emocionante, a mais "Alves de Sousa" e constante da foto em anexo - terá sido terminada em 1953 na Cerâmica do Carvalhinho, em Gaia, isto segundo o testemunho do Professor João Duarte, que muito agradeço - e que trabalhava na dita Cerâmica. O professor andara a acartar baldes de cimento durante a modelação das restantes partes, no antigo Palácio de Cristal; aliás, disse-me que o brasão do Porto que está na face Nordeste da estátua foi feito a partir da pedra de uma velha floreira. E esta, hein?

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